Sonegação, combustível adulterado e lavagem de dinheiro: família usava posto para enriquecimento indevido há quase 20 anos em MG
Seis pessoas da mesma família são presas por sonegação fiscal em Juiz de Fora Membros de uma mesma família, presos preventivamente durante uma operação d...
Seis pessoas da mesma família são presas por sonegação fiscal em Juiz de Fora Membros de uma mesma família, presos preventivamente durante uma operação do Ministério Público de Minas Gerais, são suspeitos de usar um posto de combustíveis em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, por quase 20 anos para enriquecimento indevido. Segundo o MP, a ação desta terça-feira (4) foi um desdobramento operação 'Fernão de Noronha', iniciada em 2022, e teve como objetivo colocar fim na atuação da quadrilha que, além da sonegação fiscal, praticava a venda de combustível adulterado ou de origem duvidosa. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Foram cumpridos seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, além do sequestro de 26 veículos e sete imóveis. No total, cinco homens e uma mulher foram presos e R$ 50 mil em espécie foram apreendidos. Sonegação fiscal Posto Central, em Juiz de Fora TV Integração O promotor de justiça responsável pelo caso, Fábio Reis, explicou que a sonegação começou em 2008 e, ao longo dos anos, permitiu que os suspeitos ampliassem o patrimônio com a compra de imóveis e investimentos em transporte e logística de combustíveis. “Essa organização utiliza do posto para diversos crimes, não só a venda de produtos de origem duvidosa ao consumidor e com preços que são incompatíveis com o mercado, mas também a possibilidade deles utilizarem essa renda do posto como moeda de troca de outros crimes. O fato deles venderem mais combustíveis do que eles declaram adquirir indica que eles vendem combustivel sem origem ou eles promovem lavagem de dinheiro, explicou. Os envolvidos foram denunciados pelos crimes tributário e de lavagem de dinheiro. Lavagem de dinheiro e bens ocultos Ainda conforme o MPMG, os denunciados criaram uma organização criminosa que se utilizava da personalidade jurídica do Posto Central, localizado na Avenida Francisco Bernardino, no Centro de Juiz de Fora, para sonegar impostos e lavar dinheiro. O promotor destacou que um dos principais focos da investigação é o crime de lavagem de dinheiro. Um dos alvos, Paulo Alexandre Moreira, aparece como sócio-administrador da empresa. “Ele envolveu o pai, a mãe e uma das irmãs no esquema de sonegação fiscal, principalmente no momento da lavagem de dinheiro. Ele obtinha o lucro por meio do posto, o lucro ilícito, mas não colocava nada no seu nome. Não tinha imóveis, não tinha carro, e sim tudo no nome da mãe e da irmã, por isso elas foram presas como parte dessa organização criminosa”, afirmou. O g1 entrou em contato com André dos Santos Policante, advogado de defesa do posto e do sócio-administrador. Ele informou que só vai se manifestar após “tomar ciência de todos os acontecimentos”. Os nomes dos outros envolvidos não foram divulgados. Além da venda de produtos de origem duvidosa, também é apurado se eles usavam a renda do posto como 'moeda de troca de outros crimes', o que caracteriza a lavagem de dinheiro. Próximos passos da Investigação Conforme o promotor Fábio Reis, a investigação vai continuar, com foco em descobrir mais bens e garantir a regularidade do posto de combustíveis. A documentação apreendida nesta terça-feira será analisada a fim de identificar patrimônio oculto que ainda não foi sequestrado judicialmente. “O próximo passo é analisar a documentação apreendida hoje para se deslumbrar patrimônio oculto que não foi descoberto ainda pelas nossas investigações. Uma parte desse patrimônio está sequestrada judicialmente, mas a gente acredita que tenha mais e a gente não teve acesso ainda”, disse. Além disso, a documentação será compartilhada com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e com a Receita Estadual para verificar a regularidade fiscal e operacional do posto. Nesta terça, o posto também recebeu a vistoria de uma guarnição da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA) para verificar a regularidade ambiental. A reportagem entrou em contato com a ANP para saber se vão acompanhar o caso, mas não houve retorno até a última atualização. Operação Fernão de Noronha deflagrada em Juiz de Fora pelo Ministério Público Ministério Público de Minas Gerais/Divulgação Garagens clandestinas para armazenar combustível A primeira fase da operação ocorreu em 2021. Na época, o MPMG identificou que o grupo movimentava grandes quantias em dinheiro vivo, incompatíveis com a atividade declarada, indício da prática de crimes fiscais. Os investigadores também encontraram garagens clandestinas usadas para armazenar combustível fora das normas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o que levantou suspeitas de adulteração e receptação de combustível furtado. LEIA TAMBÉM: Empresário e contador são condenados por sonegação de mais de R$ 28 milhões em impostos Além das prisões, o MPMG cumpre ordens de sequestro de 26 veículos e sete imóveis ligados à família investigada. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes