Em cenário bíblico, Alpinópolis revive a Paixão de Cristo e renova cruz histórica da Serra da Ventania

Cidade sul-mineira tem encenação apresentada no Monte das Oliveiras e a reinauguração do cruzeiro como um marco histórico e afetivo para a população. Pai...

Em cenário bíblico, Alpinópolis revive a Paixão de Cristo e renova cruz histórica da Serra da Ventania
Em cenário bíblico, Alpinópolis revive a Paixão de Cristo e renova cruz histórica da Serra da Ventania (Foto: Reprodução)

Cidade sul-mineira tem encenação apresentada no Monte das Oliveiras e a reinauguração do cruzeiro como um marco histórico e afetivo para a população. Paixão de Cristo: fiéis se reúnem no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis Em Alpinópolis, no Sul de Minas, a fé ganha forma em um dos maiores cenários bíblicos do Brasil. É no Monte das Oliveiras, que recriam passagens do Velho e do Novo Testamento, que a cidade revive a Paixão de Cristo. Neste ano, a encenação se une a outro momento marcante: a reinauguração do cruzeiro da Serra da Ventania, símbolo histórico e espiritual que mobilizou milhares de fiéis em uma procissão de fé e pertencimento. 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp Encenação da Paixão de Cristo acontece no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis, MG Reprodução/EPTV Paixão de Cristo Com cerca de 90 mil m², o Monte das Oliveiras é considerado um dos maiores espaços bíblicos do Brasil e abriga dezenas de monumentos que recriam passagens do Velho e do Novo Testamento. É nesse cenário que, ao cair da tarde, o Grupo de Teatro do Oprimido Monte das Oliveiras (GTO-MO) apresenta uma releitura poderosa da Paixão de Cristo, entrelaçada a temas contemporâneos como a polarização social, a busca por justiça e os valores universais dos Dez Mandamentos. O grupo, formado por moradores da própria cidade, reúne famílias inteiras – pais, filhos e irmãos – que participam juntos da produção. O espetáculo chega à sua 22ª edição com meses de preparação e ensaios intensivos. Encenação da Paixão de Cristo acontece no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV Sob direção de Lília Bueno e dramaturgia de Zgê Geraes, o espetáculo reúne cerca de 100 atores e convida o público a refletir sobre o tempo presente, sem perder de vista a essência da fé. Neste ano, o cenário ganhou uma novidade: um telão de grandes proporções, instalado ao fundo do palco, exibe imagens que acompanham em tempo real as cenas representadas. Durante o momento em que o inferno é retratado, por exemplo, o telão projeta chamas, criando uma atmosfera ainda mais imersiva para o público. Encenação da Paixão de Cristo acontece no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV Montado em uma área de aproximadamente 5 mil metros quadrados, o espaço recria o ambiente da época em que Jesus viveu, proporcionando ao espectador uma experiência de imersão histórica. A edição deste ano propõe uma reflexão sobre as contradições sociais da humanidade a partir da história de Jesus Cristo. Segundo Lília Bueno, coordenadora do grupo de teatro responsável pelo espetáculo, a proposta é manter a essência da narrativa bíblica ao mesmo tempo em que se estabelece um diálogo com os dias atuais. Ela explica que o paradoxo está presente em comportamentos cotidianos: pessoas que afirmam seguir os ensinamentos de Jesus, mas cujas ações demonstram o contrário. "A peça é 'Cinzas e Paixão: Paradoxos de um Povo' que é aquilo que às vezes a pessoa fala uma coisa, mas na prática é outra. Então isso é paradoxo. A pessoa, às vezes pregar Jesus, adesivo de Jesus no carro, mas nas práticas são outras coisas. Então isso é paradoxo", explica. Encenação da Paixão de Cristo acontece no Monte das Oliveiras, em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV A construção do cenário também envolve esforço coletivo. Elementos são criados dias antes da apresentação, com escavações e adaptações feitas especialmente para o evento. A luz natural é parte essencial da estética do espetáculo, contribuindo para a emoção das cenas finais. "É muito ensaio. São ensaios intensivos, montar cenário. Então aquele lago a gente não tem. A gente faz no dia, na semana que a gente cava o buraco, faz toda a preparação. Agora a gente vai fazer os últimos retoques no cenário. Então é um conjunto assim, todo mundo ajudando para entregar o produto final", comenta Lília. Cruzeiro na Serra da Ventania Movidos pela fé, fiéis fazem procissão para instalar novo cruzeiro em Alpinópolis Outro símbolo marcante na cidade é o cruzeiro da Serra da Ventania. A cruz anterior havia sido erguida em 1959. Com o tempo, a ação das intempéries comprometeu a sua estrutura. Em 2006, um dos braços caiu e, em janeiro deste ano, nova queda comprometeu de vez a cruz original. Diante da impossibilidade de restauração, a comunidade se mobilizou para construir e instalar um novo símbolo, mantendo viva a identidade religiosa da cidade. A instalação foi feita no dia 5 de abril, quando mais de 3 mil pessoas se reuniram em uma grande procissão e caminharam cerca de sete quilômetros, boa parte por estrada de terra. A nova cruz tem 12 metros de altura e 5 metros de envergadura. Para sua instalação, foram necessárias várias pessoas e até o auxílio de um guincho, em um esforço coletivo marcado pela emoção e pelo sentimento de pertencimento. Movidos pela fé, fiéis fazem procissão para instalar novo cruzeiro em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV Segundo Tales Acácio Leite Oliveira, carteiro e um dos organizadores do evento, a escolha do material da nova cruz também refletiu uma preocupação com a sustentabilidade. "A gente optou por fazer por uma madeira comercial, sem ser madeira de lei. A primeira cruz era de madeira de lei, agora na campanha da fraternidade, a gente abordando toda a ecologia e todo o cuidado que a gente tem que ter com a natureza, a gente optou por fazer por uma madeira legalizada, que é comercializada no mercado, o eucalipto citreodólio, e a gente fez melhorias como pintura e permeabilização na madeira, para ela poder durar mais tempo e de dois em dois anos a gente vai estar fazendo também um trabalho preventivo para ela poder durar mais tempo", explicou. A instalação foi marcada por bênçãos, orações e comoção dos presentes. Para muitos fiéis, a fé foi o principal combustível para enfrentar a longa caminhada e a subida íngreme. "Ai, não sei nem te explicar. Só sinto, sabe? Tudo o que eu peço eu consigo a graça, através de Jesus e a nossa mãe Maria. [...] Isso é a fé. É as graças que eu recebo", disse Ana Maria da Silva Andrade, dona de casa. Movidos pela fé, fiéis fazem procissão para instalar novo cruzeiro em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV A chegada da cruz ao topo da serra foi recebida com emoção por fiéis como Aparecida dos Reis de Paula Vaz. "Fiquei sentindo que já está tudo curado, graças a Deus, não dormi, estou sentindo que eu dormi a noite inteira. Está muito bom, estou emocionada", afirmou. Para o padre Sandro Henrique Almeida dos Santos, a presença da cruz é um lembrete visível dos valores cristãos que sustentam a comunidade. "Quando as pessoas olham lá de baixo, lá da cidade, e veem esse monumento, eles têm no coração: ‘nós somos de Jesus’. Isso nos inspira a atuar no mundo de uma maneira melhor. Atuar no mundo transformando para o bem", destacou. Movidos pela fé, fiéis fazem procissão para instalar novo cruzeiro em Alpinópolis, MG Reprodução / EPTV Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas