Citricultores do Triângulo Mineiro temem prejuízos caso tarifaço de Trump entre em vigor

Tarifaço de Trump pode causar prejuízo bilionário a Minas Gerais Citricultores do Triângulo Mineiro temem prejuízos com a possível imposição do 'tarifa...

Citricultores do Triângulo Mineiro temem prejuízos caso tarifaço de Trump entre em vigor
Citricultores do Triângulo Mineiro temem prejuízos caso tarifaço de Trump entre em vigor (Foto: Reprodução)

Tarifaço de Trump pode causar prejuízo bilionário a Minas Gerais Citricultores do Triângulo Mineiro temem prejuízos com a possível imposição do 'tarifaço de Trump' sobre o suco de laranja brasileiro. A medida pode reduzir a competitividade do produto no mercado internacional e afetar diretamente a economia da região. Grande parte do suco de laranja exportado para os Estados Unidos é produzida na região mineira. Em Ituiutaba, o produtor Reinaldo Cesar Chioderolli Junior cultiva o fruto em aproximadamente 600 hectares. Cerca de 70% da laranja colhida é vendida para indústrias que processam e exportam o suco. A notícia da política tarifária anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, deixou o citricultor preocupado. "A preocupação do setor hoje é a gente perder espaço no mercado americano, que é o mercado que hoje consome 50% da produção. O maior medo é se concretizar isso daí. Com os custos de produção, que já não andam muito baixos, uma queda expressiva nos preços pode dificultar a viabilidade da atividade", comentou Reinaldo. ✅ Clique aqui e siga o perfil do g1 Triângulo no WhatsAp Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que o tarifaço, que pode começar a valer em menos de 10 dias, deve provocar uma queda de mais de R$ 1,6 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais. A agropecuária deve ser o setor mais atingido, com retração de 1,15%, seguida pela indústria extrativa (queda de 0,35%) e pela indústria de transformação (redução de 0,22%). Além disso, só na agropecuária, o impacto pode causar o fechamento de mais de 40 mil empregos, de acordo com a pesquisa. A estimativa é que o preço da laranja brasileira aumente cerca de 50% para os Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Conforme apuração do jornalismo da TV Integração, atualmente, um litro de suco custa aos americanos mais de US$ 5. Com a nova tarifa, esse valor pode ultrapassar US$ 8. "O impacto é muito pronunciado no Brasil, mais especificamente em Minas, São Paulo e estados do Sul, muito em virtude da pauta de exportações desses estados para com os EUA. Então imagina assim: o importador americano estava querendo importar uma saca de café. Antes o preço era R$ 100 e virou R$ 150 por conta dessas tarifas. À medida que isso acontece, para ele fica mais caro, então ele diminui a importação de produtos brasileiros e o produtor rural brasileiro perde atividade econômica, perde produção e, consequentemente, também diminui o nível de emprego", explicou o economista da UFMG, João Pedro Revoredo Pereira da Costa. Pequenos produtores enfrentam mais dificuldades com tarifaço de Trump Com menos compradores lá fora, há sobra de produtos no mercado interno, o que afeta diretamente o bolso dos citricultores. Os pequenos produtores são os mais vulneráveis, pois dependem das grandes indústrias e têm menos alternativas de comercialização. "O pequeno produtor não tem tanta estrutura, né? Fica na mão das grandes indústrias e não tem preço. Lá fora, a gente não tem pra onde comercializar. A esperança é que haja bom senso e que entrem num acordo bom pros dois lados. Porque, senão, a vida do produtor fica bem complicada", finalizou Chioderolli. Leia também: Veja quais são as cidades mais ricas do agronegócio no Triângulo e Alto Paranaíba Governo anuncia investimento de R$ 180 milhões em indústria de Araguari Impactos do Decreto de Reciprocidade Na tentativa de equilibrar a balança comercial, o Congresso Nacional regulamentou nas últimas semanas o chamado Decreto da Reciprocidade. A partir de agora, caso o governo dos EUA mantenha a sobretaxa, o Brasil pode retaliar impondo tarifas similares a produtos americanos. "É sempre bom lembrar que os Estados Unidos, eles exportam mais para cá do que nós exportamos para ele. Então, o déficit da balança comercial é brasileiro. Se o Brasil, que é o nono mercado consumidor do mundo, adota uma estratégia como essa, os exportadores americanos também têm muito a perder a partir do encarecimento dos seus produtos no nosso mercado, que podem ser tranquilamente substituídos por produtos da União Europeia, da Ásia ou do Mercosul", disse o economista Benito Salomão. Ainda segundo o especialista, apesar do aumento de custo imposto pelo tarifaço americano, o consumo de produtos brasileiros pelos americanos não deve cair de forma brusca. Benito ainda opinou que a medida tarifária de Trump não deve se sustentar. "O consumidor americano não vai parar de tomar o café dele porque o produto está entrando mais caro. Já existe um hábito consolidado. O que vai acontecer é que esse consumidor americano vai passar a tomar seu café e seu suco de laranja mais caro dentro do mercado americano. Será que isso é sustentável ao longo do tempo? Quando o seu consumidor estiver pagando ali US$ 10 numa xícara de café, como será que esse eleitor vai avaliar o seu governo, que é o causador dessas tarifas [...] eu acho que em algum momento o governo americano reveja isso e adote uma postura um pouco mais razoável", concluiu Salomão. Citricultura no Triângulo Mineiro pode ser impactada pelo 'tarifaço dos EUA' Reprodução/TV Integração Produção de laranjas no Triângulo Mineiro Reprodução/TV Integração VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas